FELIZ, MAS NEM TANTO
Alex era um menino muito alegre.
Desde pequeno adorava alegrar as pessoas, mas nem sempre foi assim, pois
infelizmente Alex não tinha talento para isso. Ele nasceu na cidade de Mogi das
Cruzes.
Em uma segunda-feira Alex foi
para casa com seu amigo Arthur. Arthur era o melhor amigo de Alex e sempre
estava ao lado dele em todos os momentos, principalmente nos momentos mais
difíceis. Naquela semana a professora anunciou que haveria um show de talentos
e Alex empolgado disse a Arthur:
- Não vejo a hora de apresentar
meu número!
Arthur sempre foi muito sincero
com Alex e disse para ele que ele não era engraçado. Mesmo assim Alex foi para
casa ensaiar vários números seu pai e sua mãe lhe disseram:
- Meu filho que perda de tempo!
Você não nasceu pra isso e zombarão de você.
Alex muito revoltado foi para o
quarto e prometeu para ele mesmo custasse o que custasse ele ganharia o
concurso.
Finalmente chegou o grande dia, a
escola estava cheia para assistir as apresentações, os concorrentes pareciam
muito bons.
Enfim chegou a vez de Alex que
contou sua primeira piada:
- O que é um pontinho branco no
campo de futebol? O Arroznaldinho...
Todos começaram a vaia-lo, e ele
sem se importar continuou até que de repente foi atingido por ovos. Alex foi
para casa muito triste, mas prometeu si mesmo que não iria desistir.
Passaram-se seis anos, Alex e
Arthur foram para a faculdade. Alex já estava desistindo de seu sonho sendo
sempre humilhado por que não tinha talento e nem apoio. Resolveu então estudar
Ciências com seu amigo Arthur.
Na faculdade conheceu um
professor muito diferente. Ele andava muito triste e deprimido e só saía de
casa para ir à faculdade.
Em uma das aulas Alex teve a
ideia de começar um projeto e disse para Arthur:
- Eu não vou desistir, vou
inventar um spray para os outros rirem das minhas apresentações.
Arthur vendo que o amigo já havia
sofrido anos e anos com tantas apresentações ruins resolveu ajudar seu amigo
nesse experimento.
O professor começou a perceber
que os amigos estavam trabalhando em alguma coisa diferente no laboratório e
resolveu perguntar:
- O que meus melhores alunos
estão planejando?
Alex rapidamente respondeu:
- Não estamos fazendo nada.
Terminando a aula eles foram para
casa. E Arthur ficou pensando na ideia de Alex e resolveu ligar para o professor.
O professor escutando tudo que Arthur havia dito resolveu então ajudar Alex com
a fórmula.
Na aula seguinte quando todos
estavam indo embora o professor disse:
- Alex fiquei sabendo da sua
ideia e que você apresentará vários números legais.
Então Alex chateado disse que não
estava indo nada bem com suas apresentações então o professor fez uma proposta:
- Tenho trabalhado em várias
fórmulas diferentes. Gostaria que você me ajudasse, estou trabalhando em um
spray para as pessoas com depressão, mas ainda está precisando ser testado. Vamos
fazer assim você faz uma apresentação na praça, eu levarei o spray e no momento
da apresentação eu borrifarei na plateia como se fosse parte show.
Alex adorou a ideia e marcou a
data da apresentação.
Chegou o grande dia e a praça
estava cheia.
Alex subiu em um caixote e
começou a contar suas piadas enquanto o professor e seu amigo Arthur começaram
a apertar o spray sobre a plateia.
Quando Alex mal tinha terminado
já se escutava uma gargalhada:
- Há, há, há, há, há, há!
Em seguida outra e outra e outra.
A praça toda estava rindo sem parar. Alex se encheu de alegria e mal acreditava
no que estava vendo. Terminado o show e todos foram para casa, o spray foi um
sucesso, mas... por pouco tempo.
A mãe de Alex era enfermeira e
trabalhava na Santa Casa de Mogi das Cruzes. Ela estava no horário de almoço
quando viu seus colegas de trabalho comentando sobre uma paciente que chegou ao
pronto socorro com surto de riso. A paciente não conseguia se controlar e
precisou ser sedada para não aumentar sua pressão arterial e colocar sua vida
em risco. Ela achou aquilo tão estranho
e ficou curiosa.
Chegando a casa a mãe de Alex
comentou com sua família sobre o que ela tinha visto no hospital. Nesse momento, Alex ficou pensando se aquilo
teria alguma relação com o experimento e se realmente era uma boa aquele spray.
No dia seguinte os amigos foram à
faculdade e o professor chamou os dois para conversar:
- Garotos, acho que nós estamos
enrascados... Estava testando o spray em
um casal de macacos e eles surtaram e não paravam de rir, um deles acabou
morrendo!
Os companheiros de pesquisa ficaram
desesperados. O professor era um homem muito inteligente e também fazia parte
de estudos para cura de doenças raras com uma equipe de outro hospital e o
professor pediu para que os jovens mantivessem segredo sobre o que estava
acontecendo.
Quando retornavam para casa, pegaram
um ônibus que estava cheio, ficaram perto do motorista por que não tinham como
atravessar a catraca. Lá do fundo havia mais ou menos nove pessoas que riam sem
parar eles ficaram muito preocupados, desceram do ônibus e ao olhar para praça
viram que também muitas pessoas riam sem parar. Tudo estava ficando fora de
controle.
Quando finalmente Alex chegou a
sua casa, a televisão estava ligada no canal de notícias e o repórter dizia:
- Infelizmente a Santa Casa recebeu
a décima pessoa com sintomas estranhos, tão estranhos, que as autoridades
abriram investigações para entender o que tem causado esse surto.
Nesse momento o celular de Alex
tocou, era o professor que pedia aos jovens para estarem bem cedo ao
laboratório da faculdade.
Naquela noite, Alex mal conseguiu
dormir e resolveu ligar a TV novamente, quando se deparou com a repórter anunciando
que em outras cidades e até mesmo em outros países várias pessoas apresentavam o
mesmo sintoma: riam sem parar. Tudo estava ficando fora de controle, as pessoas
mais velhas tiveram que ser sedadas, pois era perigoso para elas devido ao
coração mais fraco.
Sem aguentar mais de ansiedade
Alex se arrumou e correu para o laboratório e lá encontrou o professor e Arthur.
O professor havia descoberto que o contágio ocorreu através da saliva das
pessoas infectadas, que ao rirem disparavam no ar partículas de saliva ao
redor, espalhando rapidamente a doença. O professor ligou para o médico chefe
do hospital e relatou sua descoberta.
Os hospitais estavam ficando
cheios, mas isso ainda não era o pior, estavam cheios de pessoas que riam sem
parar. O que era para ser um novo produto de alegria se transformou rapidamente
em um pesadelo bizarro.
Alguns dias se passaram e jornais
do mundo já mostraram que em vários países pessoas apresentavam o mesmo
sintoma.
A mãe de Alex começou a notar nas
fichas dos pacientes todos que estavam internados em estado grave tomavam
remédio para depressão independente da idade, então comentou com Alex o que ela
estava suspeitando.
Foi então que Alex teve uma ideia
é foi se encontrar com o professor no laboratório e disse:
- Professor minha mãe estava
comentando comigo que ela estava olhando as fichas dos pacientes e disse que a
maioria que estava na utilização tomavam remédios pra depressão.
Foi então que o professor
percebeu a mesma coisa e começou a trabalhar em um novo remédio para a cura. Na
mesma semana todos receberam a notícia que a diretora da faculdade faleceu e
foram ao velório. A mãe de Alex foi até lá para se despedir da diretora e
disse:
- Meus sentimentos há, há, há ...
ela sempre foi uma ótima diretora há, há, há.
Alex vendo essa situação se
aproximou de sua mãe e a tirou de lá. Desesperado ligou para o professor e por
coincidência o professor avisou que tinha conseguido fazer uma nova fórmula, só
que tinha que testa lá.
Os presidentes do mundo todo
estavam dispostos a pagar qualquer valor pela cura, pois o mundo todo estava em
pânico.
Com a consciência pesada o
professor disse para Alex:
- Se essa fórmula der certo, não
cobrarei por ela. Falarei com os governantes e em troca pedirei que todos os
borrifadores sejam distribuídos o mais rápido possível.
Alex vendo que a fórmula precisava
ser testada e sua mãe internada pediu para o professor testá-la em sua mãe, já
que o caso dela estava grave e disse:
- Eu confio em seu trabalho
professor e sei que desde o início você sempre quis me ajudar, vamos até lá e
veremos o que vai acontecer.
Chegando ao hospital Alex encontrou
sua mãe na U.T.I e o professor entrou com o seu novo borrifador.
De repente o professor se aproxima
de mãe de Alex e borrifa o líquido em seu rosto. Então ela começa a chorar e
ALEX se assusta e diz:
- Não deu certo o que faremos?
Foi então que depois de uns cinco
minutos chorando ela olha para todos e diz:
- Nossa! Por alguns momentos me
veio á memória coisas tristes da minha infância, mas de repente me lembrei de
coisas que me fizerem tão feliz estou me sentindo tão bem!
O professor e ALEX viram que a
fórmula foi um sucesso que o choro momentâneo era apenas um efeito colateral.
O diretor do hospital vendo isso
ligou para o presidente que imediatamente chamou o professor e Alex á sua sala
e perguntou ao professor como ele chegou a esse resultado, então o professor
disse:
- Já trabalhei há muito tempo com
pesquisas de vários tipos e me esforcei
para ter esse resultado pensando em quantas pessoas estariam felizes pelo fato
de ter seu familiar do lado delas nesse
momento e infelizmente não estão mais, às vezes pelo simples fato de
querer ver pessoas felizes você acaba fazendo coisas que não devia. Na minha
pesquisa percebi que as pessoas foram infectadas aparentemente eram felizes
mais na verdade elas tinham início de depressão ou tomavam algum tipo de
remédio para isso.
Então o professor teve outra ideia,
pediu ao presidente que se reunisse com os outros presidentes para fazer uma quantia
da fórmula para colocar em aviões e pulverizar na população o mais rápido
possível e aqueles que estivessem
internados recebessem o spray.
Assim foi feito em todos os
países, chamaram seus pilotos e colocaram seus aviões no céu. Como grande parte
da população das cidades do mundo todo estava com o vírus foi anunciado nos jornais
para que ao meio dia todos ficassem nas ruas, pois tudo iria se resolver.
Os aviões estavam nos céus e começaram
com o trabalho de pulverização e em questão de minutos o remédio fez efeito.
Infelizmente muitos se foram
devido esse surto mais tudo o que aconteceu foi para mostrar que às vezes para
você fazer uma pessoa feliz não precisa ter que fazer ela rir, basta estar com
ela nos momentos que ela precisa sejam tristes ou felizes e que pra alcançar
nossos sonhos as vezes pagamos um preço muito alto.
Desde então o professor passou a
trabalhar para o presidente em pesquisas para a cura de doenças raras e Alex
desistiu de ser um comediante e dedicou-se a sua verdadeira vocação: as
Ciências e passou a ajudar o professor.